segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Open studio


A exposição de Outono/Open Studio inaugura no próximo sábado, dia 25 de Setembro, pelas 15h30, nas instalações do ar.co, na Quinta de São Miguel, em Almada. Entre tantos outros, estarão presentes os trabalhos do departamento de Joalharia que integraram o Workshop TUDO JÓIA.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Projecto TUDO JOIA - exposição em Setembro

T-Shirt «Sem Título»: intervenção de Beatriz Mousinho.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

jóia + intervenção + arte

o projecto tudo jóia nasceu de um convite para fazer um workshop. daí às duas peças que o grupo de alunos de joalharia do Ar.co concebeu foi um passo. necessário para chegar às peças «ponto de equíbrio» e «sem título» que serão vistas ao vivo, em Setembro, no Ar.co, em Almada.
mas tudo tem um início. como o verbo. primeiro, criámos um texto. eis que uma jóia fala na primeira pessoa. diz-nos que nasceu no dia 16 de abril, como a carolina beatriz ângelo, médica, republicana, feminista e sufragista portuguesa, que a 28 de maio de 1911 votou e foi a primeira mulher a fazê-lo em Portugal e em toda a Europa do Sul. ela foi a inspiração que deu origem a um texto colectivo. ela é a nossa jóia sufragista e por isso lhe prestamos aqui homenagem.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sem Título





T-shirt com intervenções de Christie Bassil, Jon Ek, Natalia Olarte e Sonia Brum.
Materiais: gesso, cana, têxtil, papel impresso com excertos da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade.
Fotografia: Sónia Brum

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ponto de Equilíbrio I



A partir de um objecto escolhido, uma “Rodilha”, surgiu o conceito da nossa proposta para este Workshop (Tudo Jóia), cujo tema genérico incidiu sobre a questão do Género (masculino - feminino). A nossa linha de pensamento iniciou-se por uma análise empírica do objecto, sobre a sua função, forma, simbolismo, materiais, manufactura e tradição. A rodilha na sua utilidade inicial servia para equilibrar e ajudar a suportar o peso das cestas ou cabazes que tinham que ser transportados pelas mulheres, nas suas actividades diárias e domésticas. Estas aliviavam a pressão de um dia de trabalho, onde a mulher era o elemento dinâmico entre a casa, a labuta e a família. Num sentido figurativo a rodilha no nosso projecto é utilizada para aliviar e equilibrar as pressões e divergências entre os géneros, sejam elas relacionais, simbólicas ou culturalmente construídas. Neste caso, não somente as de carácter antagónico, mas também nas situações de equilíbrio, apoio mútuo e contrapeso.
Texto: Rita Andrade
Fotografia: Catarina Martins, David Pontes, Rita Andrade, Vânia João.

Ponto de Equílibrio II

Numa lógica de amortização simbólica, a parceria entre os géneros também está representada, pois a complementaridade é e será sempre necessária à convivência entre o masculino e feminino. “Segundo o mito do livro Judaico-Cristão Bíblia, a mulher foi feita a partir uma costela de Adão, significando, com isso, que ela é a companheira, ou seja, está a seu lado, tal qual as costelas. O osso da costela alude à igualdade entre homem e mulher, dado que não foi utilizado um osso inferior (um osso do pé por exemplo), nem um osso superior (do crânio por exemplo), mas sim um osso do lado. Outra interpretação, em sintonia com a primeira, lembra que a mulher é protectora da vida, dado que os ossos da costela protegem o coração.” (In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mulher).



Texto: Rita Andrade
Fotografia: Catarina Martins, David Pontes, Rit Andrade, Vânia.

Ponto de Equílibrio III

Na sociedade contemporânea, as relações entre o mesmo género também se alteraram, pois numa panóplia constante de exigências, a solidariedade nomeadamente feminina, dá lugar por vezes a situações mais competitivas e individualistas. A “rodilha” aqui, recupera novamente a necessidade de uma maior compreensão e comunhão entre as mulheres.


As rodilhas eram utilizadas sempre por cima da cabeça, onde a mulher suportava o peso pelo seu corpo todo e em andamento. Nesta situação invertemos a colocação da Rodilha, simbolizando, não o peso do mundo sobre a mulher, mas o peso da mulher sobre o mundo.

Texto: Rita Andrade
Fotografia: Catarina Martins, David Pontes, Rita Andrade, Vânia João.

Ponto de Equílibrio IV


As tensões sexuais entre géneros são inatas à natureza do ser humano, na sua eterna deambulação entre a atracção e a repulsão. A rodilha representa, novamente um auxiliar à recorrente busca do ponto de equilíbrio.
Como jóia ou objecto móvel, o indivíduo é o seu constante suporte, suporte este que na sua imensa gestualidade exprime inúmeras situações, nomeadamente aquelas que queremos transmitir: confronto; contrapeso, equilíbrio; apoio ou solidariedade. Colocando a rodilha pelo corpo e/ou corpos, a sua mensagem transforma-se, tanto no sentido como na função. Esta foi a nossa intenção, transpor uma única situação ou contexto, uma vez que a nossa “jóia” pretende espelhar a sociedade contemporânea, numa linguagem simples mas em constante movimento e transformação. "(...) sem o outro sou pouco, tal como o indivíduo que me assume. Gosto de provocar o olhar do mundo, para que deixe de me ver apenas como uma Jóia". (In Texto colectivo)
Texto: Rita Andrade
Fotografia:Catarina Martins; David Pontes; Rita Andrade; Vânia João

segunda-feira, 3 de maio de 2010

projecto tudo jóia (III)

“Tudo JÓIA” é um projecto assinado por/by: Beatriz Mouzinho, Catarina Martins, Christie Bassil, Cristina Duarte, David Pontes, Jon Ek, Natália Salazar, Rita Andrade, Sónia Brum, Vânia Santos.
Seguem-se, brevemente, as suas histórias de vida.

David Pontes
Nasci em Maio de 1979 na cidade de Braga.
Maternalmente minhoto, paternalmente transmontano, recém-nascido, fui viver para Lisboa. Na escola o meu lugar favorito para me sentar era à janela. Nos tempos livres voava na bicicleta. Aos 17 anos lá fui eu estudar Ourivesaria para Gondomar.
Em 2001 voltei para Lisboa, preparado para encarar o mercado do mundo do ouro. Depressa reconheci que os ouros não se adequavam aos valores, e assim comecei a focar-me na construção de um mundo mais diversificado. Actualmente estudo e trabalho no ArCo.
Jon Ek
I'm from Malmö, a town in the southern part of Sweden
The landscape is flat
We have a beach and its very nice
Once my family had a dog
And a cat
Pigeon
Mouse
Rat
Lizard
Snake
Rabbit
I also have two brothers
One is a furniture designer
One is a caretaker of ancient buildings
I have two parents
We are close
When I was young we sometimes had water balloon fights
And of course in the winter it was snowballs
What I can remember the winter was a painful time
Cold water is so mutch harder then warm water.
Name: Christie Bassil
Sex: FemaleDate of birth: 31.01.1981
Civil Status: Single
Place of birth: Beirut, Lebanon
Mother: Jocelyne Litas
Father: Antoine Bassil
Sibling: Karel Bassil
Place of Residence: Lisbon, Portugal
Diploma: Bachelor of Science in Graphic Design
Profession: Designer / Design Director
Creative Experience: 6 years
Interests: Contemporary Art, Jewellery, Design, & Architecture / Avant-garde & Experimental fashion / Multiculturalism / Drawing / Writing / Travelling / Music / Analytical thinking & Constructive criticism!
Natalia Olarte
Mi Historia. ¿Mi HistOria?
Hmm … AindA La esTou DigeRendO.

¿aGOra?
MirO aL SUeLO. EM PRocuRa de…
La Luz, La Sombra, EL Color, La exposición, EL AnguLar… ToDos esos FactOres Que Hacen unA imagen PerFecTa.

¿Quién Soy?
Soy un conjunto de tOdos AquELlos Que Han iNterVEnido En Mi, con RaZóN AlgunA.
EL Sin SenTido, NãO VaLe!

¿En Qué PIeNSO?
In ThreE dIferEnt LanGuages,
Que Se ComPlemEntan
Con EL corPo

¿EN Qué CreO?
En La EneRgía.
En La TraNSFOrmaÇão,
Y Não Em La DEstruÇão.
En Las PArTicULas ViBraNtes,
Y En El BUeN RoLL!to.

SOY NatAL!a oLArtE.
NaCI en COLoMbia.
LiVed In VIgO.
Y Por AgoRa Fico Em LisBOa.
(to be continued/ continua)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

projecto tudo jóia

o projecto nasceu de um convite. que nasceu de outro convite anterior. materializou-se num workshop com uma dezena de alunos/as do curso de Joalharia do ar.co., em Lisboa. o grupo começou a trabalhar em duas peças. mas antes, igualmente em colectivo, escreveu-se um texto, que aqui partilhamos.
este espaço é doravante do projecto:

TUDO J.Ó.I.A. (Jóia + Intervenção + Arte).


Jewel (h)as a voice, maybe a gender, or not.

Nasci no dia 16 de Abril. Como a Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher a votar em Portugal e em toda a Europa do Sul. Corria então o ano de 1911. Só que ela nasceu na Guarda e eu nasci em Lisboa, onde hoje o Sol nasce às 6h22m e põe-se às 19h00. Gosto de sentar-me na ponte e assobiar uma canção, talvez não a cantá-la, apenas assobiá-la para que toda a cidade a ouça: “Sou uma jóia! Sou linda e radiante!” Mas correndo o risco de soar frívola e arrogante, preciso compreender o meu passado, para falar do meu presente, para pensar num futuro e de mostrar os meus sonhos. Sonhar. Sonhar. Gritar. Sussurrar. Cantar. Mostrar. Por vezes não canto. Não grito. Apenas (faço) silêncio para ouvir o inaudível. Atiro-me ao rio, mergulho fundo e nado tanto quanto posso. Sabe-me bem sentir a água a polir-me o corpo. Mas onde me leva essa imensidão?! Será que preciso de tanto espaço para pensar naquilo que eu sou... naquilo que gostaria de ser... eu apenas. Sem qualquer forma nem cor obrigatória. Posso tomar qualquer forma, às vezes sou linda, outras vezes horrorizo, mas sou sempre eu. Sempre atenta aos mais pequenos detalhes... Um olhar, um cheiro, um sabor, uma cor... presa a um novo lugar.
Um novo lugar a cada instante, pois sou móvel, tanto quanto o corpo que habito. Móvel no espaço e nos sentidos, pois cada vez que me vêem produzo novas interacções de mensagens. Sou um vínculo unificador, mais do que um adorno, ou um símbolo... Sem o “outro” sou pouco, tal como o indíviduo que me assume. Gosto de provocar o olhar do mundo, para que deixe de me ver apenas como uma jóia...

As in a work of art, the role of the artist (an individual or collective being) by its own conceptual nature has a creative and spiritual influence in the everyday life. That’s what is expected of an author – a universe of inspiration – whether he/she express himself/herself through a careful selection of the materials, or through the final design in a piece of work. Where should we start?

I was born in the 16th of April, like Carolina Beatriz Ângelo, the first woman to vote in Portugal and in all of South Europe. That was in 1911. She was born at city of Guarda and I was born in Lisbon, where today the sun rises at 6.22 am and falls at 7 pm.
I like to sit down on a bridge and sing a song, perhaps not sing, just whistle or even better shout out loud for the whole city to hear: “I am a jewel! I am beautiful and radiant!” But at the risk of sounding vain and arrogant I need to understand my past, to talk about my present, to think about a future and to show my dreams. Dream. Dream. Shout. Whisper. Sing. Show. Sometimes, I don’t’ sing. I don’t shout. Just silence to hear the inaudible. I jump into the river, dip down and swim as much as I can. It’s good to feel the water polishing my body. But where takes me that immensity? Shall I need all this space to think in what I am… in what I would like to be.. I just am. Without any form, sometimes I’m beautiful, other times I horrify, but I’m always me, always attentive to a small detail… a look, a smell, a flavour, a colour, stick at a new place.
A new place in every moment, because I’m mobile, as much as the body I inhabit. Mobile in space and in the senses, because each time I’m seen I produce new message interactions. I am an unifier link, more than an ornament, or a symbol… Without the others, I’am little, as the individual that assumes me. I like to be provocative to the look of the world, in order to just see me as a jewel…

projecto tudo jóia (II)


Carolina Beatriz Ângelo nasceu na Guarda em 1878, e licenciou-se em Medicina em 1902. Pertenceu ao Comité Português da Associação Feminina Francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes, um grupo que pretendia a resolução dos conflitos internacionais através de uma arbitragem exclusivamente feminina. Já viúva quando se deu a revolução de 5 de Outubro de 1910, e dirigente da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, Carolina Beatriz Ângelo conciliou os seus ideais sufragistas com o novo regime republicano e votou nas primeiras eleições de 1911. A lei de então dizia que podia votar todo o cidadão maior de idade (21 anos), que soubesse ler e escrever e fosse chefe de família. Por isso, a 28 de Maio de 1911 ela foi a primeira mulher a votar nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, acto que mereceu a cobertura de jornais de toda a Europa. Após este episódio, os republicanos alteraram a lei que passou a ditar que só poderiam votar os cidadãos do sexo masculino. A capacidade eleitoral só vem a ser atribuída às mulheres em 1931, com determinadas exigências de habilitações literárias e, finalmente, após o 25 de Abril de 1974 foram abolidas todas as restrições.

Esta «jóia» do sufragismo português e europeu foi alvo de uma homenagem feita pela associação UMAR no passado dia 16, quando uma árvore foi plantada em nome dela no parque da Bela Vista, em Lisboa.